Otorrinolaringologia

AVALIAÇÃO PELO OTORRINOLARINGOLOGISTA DE PACIENTES COM SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO

A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é uma doença de Via Aérea Superior (VAS), mais propriamente da faringe, cabendo ao Otorrinolaringologista a avaliação das alterações anatômicas pertinentes que possam estar causando ou contribuindo para o colapso da faringe. A obstrução e a colapsidade das VAS dependem de alterações anatômicas locais que contribuem para uma faringe menor ou pequena ,interagindo com características fisiopatologicas individuais que não são completamente compreendidas. O colapso e o estreitamento faríngeo que ocorrem durante o sono são de CAUSA MULTIFATORIAL dependendo de diversos fatores, tais como atividade neuromuscular dos músculos dilatadores da faringe, depósito de tecido gorduroso na faringe, grande hipertrofia amigdaliana, alterações craniofaciais, idade do paciente, tipo de decúbito durante o sono e da arquitetura do sono. Devido a esta etiologia multifatorial, a identificação do(s) sítio(s) de obstrução através do exame físico das VAS que e puramente anatômica pode ser clinicamente limitada e imprecisa. Porém, a avaliação otorrinolaringológica da VAS no paciente com SAOS é o passo mais importante na investigação desta doença após o estudo polisonográfico.

A consulta otorrinolaringológica deve constar:
  • da inspeção facial e cervical;
  • avaliação da cavidade oral;
  • avaliação da faringe;
  • avaliação nasal;
  • exames complementares:
  •      - videonasofaringolaringoscopia;
         - cefalometria;
         - tomografia computadorizada e/ou ressonância nuclear magnética.

    QUAL É O IMPACTO DO TRATAMENTO NASAL NO CONTROLE DO RONCO E NA SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO

    Segundo o Brazilian Journal of Otorhinolaringology,vol 80,numero 1, não se sabe ao certo qual é o papel da obstrução nasal na fisiopatologia da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), além de ser discutível o melhor momento para correção cirúrgica da obstrução nasal. Recente revisão sistemática sobre cirurgia nasal para tratamento da SAOS demonstra melhoria na qualidade do sono, reduz a sonolência diurna e o ronco, porém não melhoraria índice de apneia e hipopneia das polissonografias. Pacientes com SAOS apresentam maior frequência de sintomas e alterações nasais quando comparados com controles.

    Como as alterações nasais são mais frequentes em pacientes com SAOS é de se supor que cirurgias sobre este sítio anatômico apresentam algum impacto no controle da doença. As cirurgias nasais realizadas em pacientes com SAOS incluem principalmente a correção dos desvios septais e da hiperplasia das conchas nasais inferiores com melhoria de 85,2% da resistência nasal, mas sem correção efetiva da apneia.

    As cirurgias nasais vem sendo realizadas também com o intuito de otimizar o uso de aparelhos de pressão aérea positiva, principal modalidade de tratamento para a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono moderada a grave, em especial os de pressão continua (CPAP). Recentes trabalhos vem mostrando que a correção de alterações anatômicas nasais é capaz de reduzir os níveis pressóricos terapêuticos do CPAP, o que poderia tornar seu uso mais confortável e talvez melhorar sua adesão.

    RONCO PRIMÁRIO

    O Ronco ocorre pela vibração dos tecidos moles, especialmente na região faríngea, que ocasiona o ruído de intensidade, duração e frequência variáveis. Geralmente o ronco ocorre na inspiração e eventualmente pode ser expiratório. O palato mole é um principais sítios de vibração dentre outras regiões da via aérea superior (VAS).

    A manifestação do ronco pode ocorrer isoladamente ou fazer parte de outros distúrbios respiratórios do sono (DRS), como a Síndrome de Resistencia das Vias Aéreas Superiores (SRVAS) e a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). Quando ocorre sem a presença de outro distúrbio respiratório do sono pode ser denominado RONCO PRIMÁRIO, RONCO SIMPLES ou RONCO HABITUAL.

    O Ronco Primário acomete todas faixas etárias, predomina no sexo masculino, mas pode ocorrer em mulheres especialmente na menopausa. Outros fatores também aumentam a chance de o indivíduo roncar: obesidade, obstrução nasal, hiperplasia adenomigdaliana, ingestão de álcool, uso de medicamentos miorrelaxantes, tabagismo e anormalidades esqueléticas.

    Em relação ao diagnóstico, a polissonografia continua sendo o exame padrão ouro para confirmar ou excluir a presença de distúrbio respiratório do sono (DRS), no entanto a monitorização portátil do sono também pode ser realizada.

    Alguns exames complementares podem ser indicados para a avaliação dos pacientes roncadores, entre eles a videoendoscopia das VAS, a tomografia computadorizada, a cefalometria, a ressonância magnética e a discutível somnoendoscopia.

    As várias opções terapêuticas para o RONCO PRIMÁRIO podem ser separadas em tratamentos conservadores, procedimento minimamente invasivos e cirurgias propriamente ditas.

    CIRURGIA NASAL, DO SEPTO E DAS CONCHAS NASAIS

    A função do nariz é conduzir o ar, purificá-lo, aquecê-lo, umidificá-lo, servir de câmara de ressonância para o som, possibilitar o olfato e iniciar o reflexo naso-sinusal.

    No caso de obstrução nasal ("nariz entupido") aumenta muito a perda de de energia com a respiração, com prejuízo evidente para a saúde e para as funções acima citadas. Esta obstrução nasal pode ter como causa um desvio do septo nasal e/ou aumento (hipertrofia) dos cornetos nasais, dentre outras, e nos casos em que não ha melhora com o tratamento clínico poderá ser indicada a correção cirúrgica.

    A Septoplastia é indicada quando o desvio septal causa obstrução importante, alterações sinusais, e dor de cabeça. Frequentemente ocorre também hipertrofia dos cornetos nasais ("carne esponjosa") e nesses casos, e também indica a redução cirúrgica do volume dos mesmos por várias técnicas.

    A hipertrofia isolada dos cornetos nasais também é comum em casos de rinite alérgica, vasomotora e em cornetos bulosos e, nestas ocasiões, opera-se somente os cornetos. Quando o desvio septal surge associado a deformidade de dorso ou ponta nasal a cirurgia chama-se rinosseptoplastia.