Pneumologia

Pneumologia é a especialidade médica a qual é responsável pelo tratamento das patologias das vias aéreas inferiores. O profissional habilitado para atuar na mesma é denominado "pneumologista".

Entre as doenças sob enfoque da pneumologia encontram-se Apnéia Obstrutiva do Sono, Asma, Doença Pulmonar Obstrutiva crônica (DPOC), Pneumonias em suas variadas etiologias, Deficiência de Alfa-1-antitripsina (DAAT), Fibrose Cística, Tuberculose, Micoses Pulmonares, Doenças Pulmonares Interticiais, Transtornos vasculares dos pulmões, Doenças auto-imunes com comprometimento pulmonar e as Pneumoconioses.

Além da avaliação clínica, os Pneumologistas são habilitados para a realização de exame espirométrico (ou espirometria), polissonografia e broncoscopia.

TESTE DE FUNÇÃO PULMONAR

Os testes de função pulmonar medem os fluxos e volumes pulmonares, a capacidade dos pulmões em fazer a troca de gases através da membrana alvéolo-capilar e a predisposição das vias aéreas de responder a estímulos broncoconstritores. A realização de testes de função pulmonar deve ser considerada na presença de sintomas ou história de doença pulmonar e quando fatores de risco estão presentes, como o tabagismo. Tem papel importante, ainda, na avaliação pré-operatória e determinação de incapacidade funcional e prognóstica. Todos os testes de função pulmonar são comparados a valores previstos derivados de indivíduos normais, e variam com o gênero, idade, alturas e, ocasionalmente, o peso.

Espirometria

A espirometria mede volumes e fluxos aéreos, principalmente a capacidade vital lenta (CV), capacidade vital forçada (CVF), o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), e suas relações (VEF1/CV e VEF1/CVF). Teste após broncodilatador deve ser repetido para avaliar a reversibilidade da obstrução ao fluxo aéreo. Pela variabilidade observada em diferentes países, valores de referências nacionais de normalidade devem ser preferidos, especialmente se os testes são feitos para detecção precoce de doença, exposição ocupacional e avaliação de incapacidade.

Volumes pulmonares

Podem ser avaliados por diversas técnicas. A determinação dos volumes por pletismografia é a mais acurada. Em muitos casos, classificados como restritivos pela espirometria, a medida da Capacidade Pulmonar Total (padrão-ouro) não confirma restrição.

Capacidade de difusão

A capacidade de difusão do monóxido de carbono (DLCO) é medida por respiração única e sustentada de uma mistura gasosa especial. Em doenças intersticiais difusas, a difusão é o teste que melhor reflete a extensão das doenças e detecta comprometimento pulmonar mesmo com radiografias normais. Nestas doenças é essencial para monitorar o curso da doença e a resposta ao tratamento. Em DPOC, a DLCO expressa bem a extensão do enfisema. A medida da DLCO permite diferenciar pacientes com asma e obstrução irreversível de pacientes com enfisema.

Pressões respiratórias máximas

Refletem a força dos músculos respiratórios e as medidas estão indicadas na suspeita clínica de fraqueza muscular respiratória em pacientes com doenças neuromusculares e falta de ar, incluindo paralisia diafragmática e em pacientes com dispneia e/ou distúrbio restritivo de causa não aparente.

Pico do fluxo expiratório (PFE)

Medidas do PFE estão indicadas no diagnóstico da asma, no monitoramento em asmáticos graves.

Testes de bronco-provocação

Testes de broncoprovocação com metacolina, carbacol ou histamina estão indicados quando a espirometria é normal e há possibilidade de: asma de início recente; tosse ou dispneia crônicas, sem causa aparente; ou sibilância, ou aperto no peito repetidos.
Alguns pacientes têm asma evidenciada apenas com exercício ou substancialmente exacerbada por ele. Broncoespasmo induzido por exercício pode usualmente ser confirmado por medidas de VEF1 antes e após exercício intenso.

Oximetria

Esta técnica permite a estimativa da saturação do oxigênio (SpO2) através da análise da absorção da luz pela hemoglobina durante sua passagem pelo leito capilar. É uma boa alternativa, principalmente para a avaliação dos resultados terapêuticos.

Deve ser um recurso disponível para a rotina do pneumologista já que seus resultados são acurados, e a técnica é simples e de baixo custo. Valores acima de 90% costumam corresponder a pressão arterial do oxigênio (PaO2) acima de 60 mmHg, indicando um aporte satisfatório de O2 ao organismo.

Testes de exercício

Os 2 testes de exercício mais comumente realizados são:

Teste de exercício cardiopulmonar (TECP) (mais conhecido como ergoespirometria)

Neste teste são determinados o consumo de O2, a produção de CO2, a ventilação, freqüência cardíaca e respiratória, alterações eletrocardiográficas, saturação de O2 e outros dados.

Teste para broncoespasmo induzido por exercício (BIE)

Usado para confirmar asma de exercício e detectar hiper-responsividade brônquica, na falta de teste de broncoprovocação. Este é mais sensível para diagnóstico de asma.

Indicações dos testes de exercício:

  • Quantificar o grau de limitação e discriminar entre as causas de intolerância ao exercício. O teste é especialmente útil para diferenciar entre dispneia de origem cardíaca ou pulmonar, quando doenças cardíacas e respiratórias coexistem.
  • Analisar dispneia inexplicada quando a função pulmonar é normal ou inconclusiva, incluindo teste de broncoprovocação.
  • Em doenças pulmonares intersticiais: monitorar o tratamento
  • Em DPOC permite avaliar: hipoxemia marcada durante o exercício, o que indica necessidade de O2 suplementar para treinamento e para atividades de esforço; avaliar a presença de outros fatores contribuitórios para dispneia desproporcional ao grau de obstrução; avaliar a capacidade funcional; avaliação prognóstica; prescrição de treinamento físico para reabilitação pulmonar. Doença cardíaca oculta é frequente nestes pacientes;
  • Pode sugerir a contribuição do descondicionamento físico e indicar que o treinamento físico será de maior benefício.
  • Para quantificar o nível de incapacidade. Frequentemente, a incapacidade física é estimada incorretamente pelos dados clínicos e funcionais de rotina. TECP deve sempre ter um papel central na avaliação de candidatos a programas de reabilitação; testes mais simples, como de caminhada, são úteis para monitoração durante programas de reabilitação.
  • Cirurgia de ressecção de câncer de pulmão: em pacientes com função pulmonar normal ou distúrbio leve, incluindo a difusão de CO, ressecção pode ser realizada, incluindo pneumonectomia. Em pacientes com risco moderado ou elevado, o teste de exercício permite estimar a reserva cardio-circulatória e o risco cirúrgico com maior precisão.